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Estou grávida e não estou feliz

Atualizado: há 3 dias

Como lidar com sentimentos negativos durante a gestação

A gravidez é muitas vezes cercada de expectativas de felicidade. "Parabéns!", "Que bênção!", "Você deve estar radiante!" — essas são as reações que escutamos assim que a notícia se espalha. Mas... e se você não estiver se sentindo assim?


E se, ao ver o teste positivo, o que vier for uma onda de ansiedade, preocupação ou até tristeza? Se esse é o seu caso, respire fundo: você não está sozinha. E não há nada de errado com você.


Sentimentos negativos na gravidez são mais comuns do que se imagina

Muitas mulheres vivem momentos de tristeza ou até depressão durante a gestação — mas poucas falam sobre isso. Estudos apontam que entre 15% e 20% das gestantes apresentam sintomas significativos de depressão. Se incluirmos a ansiedade e outros transtornos emocionais, esse número pode chegar a 25%.


Em pesquisas anônimas, quase metade das mulheres relata ter vivido emoções negativas intensas durante a gravidez. E ainda assim, o silêncio persiste, muitas vezes por medo de julgamento ou por culpa de não sentir o que “esperam” que sintamos.


Por que nem toda mulher se sente feliz na gestação?

Existem muitas razões legítimas — e humanas — para que a alegria não seja o sentimento dominante na gravidez:

·        Uma gravidez não planejada, que vem acompanhada de medo ou choque;

·        Um momento da vida marcado por incertezas: problemas financeiros, de saúde ou no relacionamento;

·        Falta de apoio emocional do parceiro ou da família;

·        Preocupações com o impacto da maternidade na carreira;

·        Histórias de perdas anteriores ou partos traumáticos;

·        Condições de saúde mental, como ansiedade ou depressão;

·        Gravidez de alto risco ou complicações médicas;

·        O medo de perder a própria identidade ao se tornar mãe.


É essencial entender: não estar feliz com a gravidez não significa rejeitar o bebê. Esses sentimentos refletem o contexto, os desafios e as emoções reais do momento — e eles passam.


Hormônios e emoções: uma montanha-russa natural

Durante a gestação, o corpo passa por uma verdadeira revolução hormonal. Os níveis elevados de estrogênio e progesterona mexem diretamente com neurotransmissores que regulam o humor, como a serotonina e a dopamina.


Além disso, sintomas físicos como náuseas, cansaço extremo, dores e insônia também influenciam o estado emocional. Ninguém se sente bem emocionalmente quando está esgotada fisicamente. É tudo parte do mesmo processo.


Quando é hora de buscar ajuda?

Alguns sinais indicam que o apoio profissional é necessário:

·        Tristeza persistente por mais de duas semanas;

·        Ansiedade constante ou crises de pânico;

·        Mudanças intensas no sono ou apetite;

·        Falta de interesse nas atividades do dia a dia;

·        Isolamento social ou dificuldade em falar sobre a gravidez;

·        Pensamentos de arrependimento em relação à gestação;

·        Dificuldade de concentração ou tomada de decisões.

Se você se identificou com esses sinais, saiba que existe tratamento seguro e acolhedor durante a gravidez — e ele pode fazer toda a diferença.


O que pode acontecer se a depressão não for tratada?

Quando sentimentos negativos são ignorados, o risco de complicações aumenta. A saúde emocional da gestante impacta diretamente sua saúde física e, também, o desenvolvimento do bebê.


Entre os riscos para a mãe:

·        Pré-eclâmpsia

·        Parto prematuro

·        Depressão pós-parto

·        Dificuldades na amamentação

·        Desafios no vínculo com o bebê


Para o bebê, o estresse materno persistente pode afetar o desenvolvimento, pois o hormônio cortisol atravessa a placenta. Mas a boa notícia é: com suporte emocional, esses riscos podem ser significativamente reduzidos.


E a culpa por não estar feliz?

A culpa costuma vir sorrateira, como se você estivesse “falhando” em viver um momento que deveria ser mágico. Mas a verdade é que cada gestação é única — e não existe uma forma certa de se sentir.


Algumas formas de lidar com essa culpa:

·        Lembrar que sentimentos ambivalentes são comuns na gestação;

·        Tratar-se com carinho e compaixão, como faria com uma amiga;

·        Separar o que você sente do que você faz — é possível estar confusa e ainda assim cuidar do seu bebê com amor;

·        Conversar com pessoas que acolhem, escutam e não julgam.


O vínculo com o bebê está em risco?

Essa é uma preocupação comum — mas a ciência é clara: sentimentos negativos durante a gestação não determinam a qualidade do vínculo com o bebê.


O vínculo materno não é algo que precisa acontecer imediatamente. Ele se constrói aos poucos, dia após dia, no seu tempo. Muitas mães só sentem esse amor crescer quando olham para o bebê pela primeira vez — ou mesmo semanas depois.


Onde buscar ajuda

Se os sentimentos negativos têm sido frequentes e difíceis de lidar, procure apoio. Há profissionais preparados para caminhar com você:

·        Psicólogas especializadas em saúde materna;

·        Psiquiatras perinatais, que avaliam tratamentos seguros;

·        Obstetras que podem orientar e encaminhar para apoio emocional;

Grupos de apoio para gestantes também são espaços valiosos para trocar experiências com outras mulheres que sentem o mesmo.


Pequenas atitudes que fazem diferença

Algumas práticas no dia a dia podem ajudar no equilíbrio emocional:

·        Exercícios de mindfulness voltados para gestantes

·        Atividades físicas leves (com liberação médica)

·        Técnicas de respiração e relaxamento

·        Escrever sobre o que sente

·        Criar uma rotina de autocuidado


Uma mensagem para você, que está passando por isso

Se você está grávida e não se sente feliz, por favor, saiba: você não está sozinha. Você não é menos mãe por sentir medo, angústia ou tristeza. Você está vivendo uma experiência complexa, intensa — e profundamente humana.


Se permita sentir. Se permita buscar ajuda. Se permita viver sua maternidade de forma autêntica, com apoio e acolhimento.


Sua saúde mental importa. E você merece se sentir cuidada em todas as fases dessa jornada.


Se você está enfrentando dificuldades emocionais durante a gravidez, busque ajuda especializada em saúde mental materna.


Psicóloga Anacélia Mateucci

CRP 06/37688-8

Psicologia Perinatal

Psicoterapia EMDR  Licenciada TraumaClinic

Psicoterapeuta Certificada EMDR pela AIBAPT


 
 
 

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